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Liberalismo oitocentista

Quando comecei a ler sobre “liberalismo” na internet havia sempre umas listas de livros recomendados, uns Ludwig von Mises, Milton Friedman e Alexis de Tocqueville. “A Democracia na América”. Pra mim parecia estranho aquele papo de democracia quando eu estava interessado era em como funcionaria um mercado livre, sem regulações e tal.

Parece que Tocqueville era uma herança do mesmo povo que adorava a expressão “liberalismo clássico”. O liberalismo clássico era uma coisa política que ia contra a monarquia e em favor da democracia, e aí Tocqueville se encaixava muito bem.

Poucos anos se passaram e tudo mudou. Agora acho que alguém lendo na internet não vai ver menção nenhuma a Tocqueville ou liberalismo clássico, essa chatice de democracia e suas chatices legalistas. O “libertarianismo”, também um nome infeliz, tomou conta de tudo, e cresceu muito mais do que o movimento liberal-da-internet jamais imaginou que seria possível.

Os libertários brasileiros são anarquistas, detestam a democracia, reconhecem nela um vetor de ataque dos socialistas a qualquer pontinha de livre-mercado que exista – e às liberdades individuais dos cidadãos (este aqui ainda um ponto em comum com os liberais oitocentistas). São inclusive muito mais propensos a defender a monarquia do que a democracia.

E isso é uma coisa boa. Finalmente uma pessoa pode defender princípios razoáveis de livre-mercado e individualismo sem precisar se associar com o movimento setecentistas e oitocentista que fez coisas boas, mas também foi responsável por coisas horríveis como a revolução francesa e todos os seus absurdos, e de onde saiu todo o movimento socialista.

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